Faltou o rock'n roll
Considerado
um período menos profícuo da história do rock, os anos 80 são o
plano de fundo do satírico musical Rock of Ages: O Filme (Rock of
Ages). Com direção de uma figura experiente no gênero, Adan
Shankman (de Hairspray – Em Busca da Fama e de alguns
episódios da série Glee), o filme é composto por diversas
números musicais baseados em sucessos da época, como I Want to
Know What Love Is e I Love Rock'n Roll.
Com
trajetória na música country, a atriz Julianne Hough dá
vida à Sherrie, uma jovem do interior do Oklahoma que viaja até
Hollywood com o sonho de se tornar uma cantora famosa. Logo ao
ingressar na cidade, a garota é assaltada; porém, recebe apoio de
Drew (Diego Boneta). Funcionário da famosa, mas decadente casa de
shows The Bourbon, o garoto também ambiciona se tornar um
rockstar. Em crise financeira, o local é palco do último
show da popular banda Arsenal, liderada pelo excêntrico
Stacce Jaxx (Tom Cruise). No entanto, sob comando da primeira-dama
Patricia
Whitmore (Catherine Zeta-Jones), um grupo
de mulheres ultraconservadoras clama
“Clean
the Sunset Strip”.
O enredo ainda conta com os personagens Dennis Dupree (Alec Baldwin), proprietário da The
Bourbon; Lonnie (Russell Brand), funcionário da casa de shows; Constance Sack
(Malin Akerman), repórter da Rolling
Stone; Justice (Mary J. Blidge), dona da boate de striptease
Venus Club; e o empresário Paul (Paul Giamattoi).
Baseado
na peça homônima de Chris
D'Arienzo, o longa-metragem é composto de poucos momentos sem
música, mas contém raras coreografias. Em geral, a dança é
produto da montagem repleta de cortes rápidos. No entanto, há
alguns momentos de exceção, como, por exemplo, quando o grupo
liderado pela primeira-dama canta e dança Hit
Me with Your Best Shot.
Em contrapartida, todos os personagens que tem alguma expressão na
trama cantam, inclusive, um funcionário do The
Bourbon
que sequer sabe falar em inglês. Já dotadas de letras meio bregas,
as músicas adquirem um tom ainda mais meloso ao serem cantadas num
ritmo muito próximo ao pop.
A
fotografia muito luminosa aliada ao cenário e aos figurinos
coloridos dão um tom ainda mais teen
à obra. A intenção dos realizadores parece ser a sátira, mas eles pegam tão pesado que quase gera dúvidas. O casal de protagonistas
é, inclusive, uma ode ao clichê. Há, por exemplo, uma fala
sobre o fato de que a garota, na verdade, não viajou em busca de
sucesso, mas de um grande amor. Tudo isso é permeado por piadas pastelão,
escrachadas e, por vezes, escatológicas. O próprio Tom Cruise parece se esforçar, mas o
personagem não ajuda, apesar de lembrar seu eu
fictício de Magnólia
(Magnolia,
1999) numa versão piorada.
Apesar
de ser dotado de algumas ideias interessantes, mas nem tão
criativas, como a hipocrisia da primeira-dama e do prefeito, o filme
se perde na sua proposta. Com exceção de um ou dois momentos (como
a da piada de que ser stripper
é menos pior que ser de uma boy
band),
a obra se mostra boba e irritante. Pelo visual, pelos personagens
bobos, pelo casal meloso, pelo enredo raso, Rock of Ages está muito
mais para High Scholl Musical
do que para um musical rock'n
roll.
Por menos rebelde e original que os anos 80 possam ter sido, eles não
mereciam semelhante lembrança. Uma frase comentada à exaustão
durante a história poderia ser verdade se dependesse dessa obra,
“rock
is dead”.
Rock
of Ages: O Filme
Título
Original: Rock
of Ages
Ano:
2012 Estreia no Brasil: AGO/12
Direção:
Adam Shankman
Roteiro:
Allan Loeb, Chris D'Arienzo e Justin Theroux
Com:
Alec Baldwin, Catherine Zeta-Jone, Tom Cruise, Paul Giamatti, Russell
Brand, entre outros.
Duração:
123 minutos